Sempre há um prefácio, às vezes implícito. Mas está lá.
A vida é um prefácio. As orelhas são o livro. A Vida é um resumo.
Vários textos nasceram de prefácios. Gente que não queria escrever. Mas não conseguiu resistir à vontade íntima que lhe beliscava o âmago. Por que na verdade escrever não é um “fazer”. É o não fazer da alma. O escritor tenta não escrever, mas sucumbe a uma força que lhe é universal. A contra-gravidade artística o faz levitar. E se perde nos devaneios do introspecto.
E para fazer agrados aos seus eu-mesmos, para sararem a coceira artística que os incomodava, deram um dose homeopática às suas almas: decidiram escrever só um prefácio. Mas terminaram escrevendo um livro. É a sina dos artistas.
Tudo é um prefácio. Texto sem prefácio não deixa de ser texto, mas perde um quilate do charme peculiar.
E quando um texto simplesmente fala por si e não precisa de prefácio? Nada fica mais fácil. A idéia parece ‘estátil’ e o prefácio fica por ali. Perambulando. De Soslaio. Porque sabe que tem o seu lugar.
Não havendo que versar. Eis o meu prefácio.
(o texto segue, falando por si mesmo)
“Trecho
Quem foi, perguntou o Celo
Que me desobedeceu?
Quem foi que entrou no meu reino
E em meu ouro remexeu?
Quem foi que pulou meu muro
E minhas rosas colheu?
Quem foi, perguntou o Celo
E a flauta falou: Fui eu.
Mas quem foi, disse a Flauta
Que no meu quarto surgiu?
Quem foi que me deu um beijo
E em minha cama dormiu?
Quem foi que me fez perdida
E me desiludiu?
Quem foi, perguntou a Flauta
E o velho Celo sorriu.”
Vinícius de Moraes por Erik Liver
Um comentário:
Nem sempre fácil de achar, mas está lá...
O meu está aqui: http://escritoexpresso.wordpress.com
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