sexta-feira, 27 de julho de 2007

Pré-fácil?

Sempre há um prefácio, às vezes implícito. Mas está lá.

A vida é um prefácio. As orelhas são o livro. A Vida é um resumo.

Vários textos nasceram de prefácios. Gente que não queria escrever. Mas não conseguiu resistir à vontade íntima que lhe beliscava o âmago. Por que na verdade escrever não é um “fazer”. É o não fazer da alma. O escritor tenta não escrever, mas sucumbe a uma força que lhe é universal. A contra-gravidade artística o faz levitar. E se perde nos devaneios do introspecto.

E para fazer agrados aos seus eu-mesmos, para sararem a coceira artística que os incomodava, deram um dose homeopática às suas almas: decidiram escrever só um prefácio. Mas terminaram escrevendo um livro. É a sina dos artistas.

Tudo é um prefácio. Texto sem prefácio não deixa de ser texto, mas perde um quilate do charme peculiar.

E quando um texto simplesmente fala por si e não precisa de prefácio? Nada fica mais fácil. A idéia parece ‘estátil’ e o prefácio fica por ali. Perambulando. De Soslaio. Porque sabe que tem o seu lugar.

Não havendo que versar. Eis o meu prefácio.

(o texto segue, falando por si mesmo)

“Trecho

Quem foi, perguntou o Celo

Que me desobedeceu?

Quem foi que entrou no meu reino

E em meu ouro remexeu?

Quem foi que pulou meu muro

E minhas rosas colheu?

Quem foi, perguntou o Celo

E a flauta falou: Fui eu.

Mas quem foi, disse a Flauta

Que no meu quarto surgiu?

Quem foi que me deu um beijo

E em minha cama dormiu?

Quem foi que me fez perdida

E me desiludiu?

Quem foi, perguntou a Flauta

E o velho Celo sorriu.”

Vinícius de Moraes por Erik Liver

Um comentário:

Beth C. disse...

Nem sempre fácil de achar, mas está lá...

O meu está aqui: http://escritoexpresso.wordpress.com